
Pensei em terminar aqui. Pensei em deixar de escrever, em deixar de transmitir o que eu sinto em palavras. Mas a minha dor é tão bela quanto meu amor, e por isso continuo. Minha dor me faz expor o que eu tenho de mais íntimo, mais profundo. Minha dor é minha e faço com ela o que bem quiser.
Hoje, cheguei até onde não julguei que pudesse chegar. Hoje, matei em mim cada pedaço sobrevivente da crença de que existe lógica e equilíbrio nesse mundo cão em que vivo.
Hoje, meus atos são autônomos. Respiro e falo por compulsão. Hoje, deixei morrer uma parte de mim. E está morta.
Tudo que eu tinha para oferecer ao mundo em questão de amor secou. Sou um lago cujo leito se apresenta árido e pleno de fissuras profundas. Hoje, perdi a capacidade de me dar a quem quer que seja.
Tudo que me move é a vontade de respirar. É o desejo de sobreviver. É a gana de provar a mim mesma que eu sou capaz. E que eu vou fazer.
Hoje a poesia se foi, levada por uma tempestade de insensatez e maldade. Pode ser que eu volte a escrever, talvez no dia em que meu coração estiver curado. Curado de mim, e da minha estupidez atroz.
Hoje, eu lamento as minhas escolhas e reconheço meus erros. Hoje, eu dou a cara a tapa, por ter ignorado todos os avisos e todas as evidências.
Hoje, eu me reconheço absolutamente irracional, quando decidi tentar mais uma vez. Certas coisas não merecem nem uma tentativa.
Céu e inferno. Ninguém merece viver assim. Nem mesmo eu.
Esse espaço, recheado de amor, estará estéril por um longo tempo. Um dia, quem sabe, a estrela voltará a brilhar no meu céu novamente. Até lá, não sei o que será dele. Uma interrogação tão grande quanto a que habita em mim.
Hoje, minhas lágrimas são francas e fartas. O amanhã, só a Deus pertence.
se foram os dias, e eu sigo sem você