quinta-feira, 9 de outubro de 2008

uma ligaçao

Ela estava ali, parada, imóvel. Não vibrava, ou tocava. Nada. Impassível diante de toda a minha angústia. Andava em círculos de algo que não dava qualquer sinal de vida. A espera vazia de que alguém ligasse.
Mentira! Queria que você ligasse, e dissesse qualquer coisa que mudasse o meu humor. Qualquer coisa que mudasse o meu dia. Você é capaz disso. Mas sabe Deus porque, não o faz. Tempo? Diz a minha avó que tempo a gente tem quando quer. "Quando precisar de alguma coisa meu filho, peça para alguém ocupado, pois o desocupado não terá tempo para te atender." Você tem tempo? Provavelmente me dirá que não, e se realmente não tiver, provavelmente arrumará um tempo para mim. E não o arruma. O que me faz crer que passa os dias a não pensar em mim. Com as atribulações diárias, e que até arrumaria sim, algum tempo. Mas se não o faz, é porque talvez eu não importe realmente. Tanto faz como tanto fez, me ligar e mudar o meu dia. Tanto faz, se meu coração vai bem ou não, se ainda bate ou não por você. Pensei essa noite, o que te falta é medo. Mesmo que me diga que tem medo, não creio nele. Quer dizer, acredito vez por outra, mas não na parte de me perder. Sabe que me tem nas mãos, e por mais bizarro que possa parecer, me tem ao seu alcance. Disso você não tem medo, não tem nem frio na barriga de agir errado e perder meu amor, meu carinho. Essa insegurança é só minha. É ela que eu levo no peito por todos os dias. Essa angústia de perder qualquer coisa de você. Meus passos ecoam nessa casa vazia. Vazia de você, entende? A porta não vai abrir, a televisão não vai ligar se você não estiver aqui. Nada vai tilintar no chão da cozinha quando eu estiver no banheiro. O vento tem se mostrado um amigo sórdido, que balança os objetos seus me lembrando a todo tempo do seu jeito com a casa, a toda hora ele me traz seu perfume que invade meus pulmões e brota uma lágrima de saudade. Ele torna tudo mais frio ainda, para que seu abraço ainda me faça mais falta. E você? Não liga, não entra pela porta, não diz que é para que eu fique para o rest...

Vrrrrrrrrrrrr... Vrrrrrrrrrrrr...

- Alô?
- Liguei só para dizer que te amo. Tá tudo bem?
- Agora sim.

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