quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Isto de estar vivo vai acabar mal.

Oi. To com vontade de falar contigo. Falar qualquer coisa, sabe? Qualquer coisa mesmo.. Talvez de te ouvir falar sobre algum filme novo, alguma música, saber que tipo de comida tu comeu hoje no almoço e que horas tu acordou.. Talvez te contar que hoje eu caminhei horrores e to cansado, mas valeu a pena, encontrei muitas pessoas bem legais no caminho e elas me fizeram um bem danado. Contar que eu falei com um dono de uma livraria e talvez ele me contrate. Talvez tu tambem ficasse feliz por mim. Porque eu fiquei feliz. Sai de lá com um sorrisão no rosto. Até que eu escutei uma música triste no mp5 e começou tudo de novo. Poderia te contar sobre a sequência aleatória do meu mp5 tambem.. Uma música mais triste que a outra, tinha que ver. Mas eram todas bonitonas. E todas te traziam pra perto de mim de alguma maneira. Não sei se te interessaria, mas eu falaria do livro que eu comecei a ler e ele fala de almas. E eu acredito. Falaria, numa boa, da minha alegria por estar saindo de casa de casaco e nao estar sentindo calor, sobre como mesmo com o nada feito, com a sala escura, com um nó no peito, com a cara dura a gente vai levando, sobre como tudo ainda me faz lembrar, sobre o quanto eu ainda não me acostumei e sobre a indiferença da minha mãe. Adoraria falar sobre meus planos que hoje ficaram bem claros pra mim e o quanto eu penso em me esforçar por eles. Quase ninguém acredita, mas eu acredito muito. Costumo acreditar muito nas coisas, acho que tu bem sabes disso.. Queria tanto te falar, mas tenho medo. Medo dessa falta de intimidade. Eu tenho medo de muitas coisas, muitas. Mas hoje, enquanto caminhava sozinho sozinho, descobri que do que eu tinha mais medo era de imaginar quem seria o teu novo amigo. Medo de pensar que tu podes encontrar a qualquer momento uma pessoa que te faça sentir tudo novo, de pensar que é SÓ culpa da distância, de imaginar quem levarias pra almoçar e pra ir ao cinema, de pensar que alguém possa sorrir por ti e que tu podes sorrir por alguém que combine mais contigo que eu, de me acostumar e sentir tudo de novo. Medo desse apego. Medo de abrir um simples torpedo e de um simples oi.

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